WORKSHOP HAYASHI HA

Boa noite nação Karateca! Fugindo um pouco da série que lancei sobre os 3 pilares de aprendizado do karatê, hoje vou resumir um pouco do que vi, pratiquei e ouvi no Workshop Hayashi que aconteceu em Jaboticabal nos dias 27 e 28 de Janeiro de 2018.

Bom, da região onde resido até a cidade de Jaboticabal percorri aproximadamente 260 kms. Como atualmente não vivo apenas do Karatê, como muitos praticantes e amantes que conheço, consegui um dia de folga, onde utilizei para me locomover até a cidade, uma jornada de umas 6 horas e meia em média. Enfim cheguei! Pesquisando vi que o local do evento não se distanciava tanto de onde permaneceria nesses dias, uma caminhada de uns 20 minutos. O que me facilitou a chegada ao local do evento a pé mesmo.

A programação obedeceu bem os horários publicados. Ás 08:30, ocorreu a recepção dos participantes, um café por volta de 09:00 horas, e logo em seguida uma abertura feita pela Sensei Simone Yonamine e Sensei Paulo Mota, seguido da apresentação das irmãs Yonamine, Yuka e Cintia. Logo foi apresentado também Nicole Yonamine Mota, e o primeiro palestrante representante do estilo Shotokan, Marco Aurélio de Sá.


Iniciando as atividades, Sensei Marco Aurélio explica um pouco da importância da utilização da musculatura na execução dos movimentos explosivos em um kata, o trabalho mental do praticante e competidor nesse âmbito de ter uma movimentação com explosão, de modo que os músculos bem acionados, devem explodir de um ponto 0 inerte, ao ponto 100, onde ocorre o kimê do karateca, a velocidade e a combinação da boa forma. Tudo conjugado com um trabalho bem feito de treinamento de base e movimentação com velocidade. Junto com as explicações, o sensei segue com uma sequência de Kihons que trabalham a ativação da musculatura dos membros inferiores, e melhora na velocidade em deslocamentos para direções diferentes. Apesar da ampla explanação e boas dicas de treinamentos voltados a pratica do kata para competições, o Kata de explicação programado Gankaku, teve menos tempo para sua total conclusão. Sendo este passado brevemente, acredito que o que possa também ter contribuído para essa breve explicação, foi o fato de ter muito poucos praticantes do estilo Shotokan, sendo na maioria dos participantes Goju-ryu e Shito-ryu. Meio que exprimido ao tempo que lhe foi proposto, o palestrante finalizou mais algumas de suas explicações, e já avançávamos quase as 13:00 horas. Fazendo uma parada para o almoço e retornando as 14:00 novamente.

Retornando ao próximo ciclo de palestras, logo às 14:00 recebemos no Koto, um dos mais novos campeões do shiai kumitê (esportivo) da seleção brasileira, Ernani Veríssimo. Este inicia com um bom aquecimento físico. Em seguida, começa o treinamento explicando a diferença entre shiai kumitê (esportivo) e jyu kumitê (combate real). No que consiste o objetivo do shiai kumitê, e o que deve ser trabalhado. E procede, com técnicas de entradas de shiai, a ser executados entre dois e dois participantes. Após 2 horas ou 2:30 de treinamento forte. 



Finaliza-se mais essa palestra e enquanto os participantes tem alguns minutos de descanso, sentado aguardando seu momento, está entre os palestrantes Yasunori Yonamine, 10º Dan Goju-ryu, segundo o próprio, viajou mais de 38 vezes em toda sua vida para Okinawa o berço do karatê. Então que um dos participantes, acredito que também seu aluno, solicita orientações quanto as dimensões corretas para ajustar a base. O mesmo ao se levantar e começar a o orientar o jovem, chama a atenção minha e dos demais participantes, e mesmo sem as devidas apresentações, inicia-se a aula de karatê. O mestre Yasunori, em seu 78 anos de idade, compartilha um pouco de suas experiências, em Okinawa, descreve técnicas simples de acerto de dimensões de bases não somente no Gojur-ryu mas também no karatê como um todo. Compartilha um pouco da filosofia que envolve a simplicidade e trabalho duro  do karatê praticado pelos japoneses. Pontua os erros mais comuns praticados pelos atletas e praticantes atuais relacionados a estrutura da base, movimentação, e execução do gyaku tzuki no que diz respeito a ergonomia, ou seja, a prática incorreta do soco de modo que sua prática pode futuramente ocasionar lesões na coluna. Detalhes contidos na prática correta dos fundamentos, mas que demonstram a quantidade de conhecimento que um Sensei de alto nível acumulou através da prática e estudo do Karatê. Fora esses detalhes de posturas, bases, filosofia, conceitos, o palestrante demonstra movimentos rápidos e bases bem compostas, sem contar a demonstração da técnica de um tzuki bem aplicado em um ponto vital. Em minha humilde opinião, acredito ter sido uma das melhores palestras relacionados ao karatê.


No segundo dia, domingo, tivemos o início das palestras como Sensei Paulo Mota, explanando sobre algumas aplicações do karatê Shito-ryu utilizadas no kata ANAN, que logo em seguida teve suas execuções explanadas pela atleta Nicole Yonamine, atualmente atleta da CBK de kata. A mesma inicia com um aquecimento e em seguida inicia a prática de pequenos trechos do kata ANAN. É apresentado um kata e seus movimentos com bastante controle e equilíbrio, e unindo as aplicações práticas palestradas anteriormente pelo Sensei Paulo Mota, executar o kata foi movimento a movimento praticado.

A última palestra seria de kobudo, mas como precisava retornar, não foi possível participar desta. 

Bom, acredito que esse seria resumo do evento e só posso dizer que por mim foi muito bem aproveitado todas as palestras, uma experiência nova que recomeça


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Os 3 Pilares - KIHON

Boa noite, karatecas e leitores desse humilde blog. Hoje, seguindo a explanação dos 3 pilares do Karatê, vou citar alguns pontos relacionados ao Kihon.



Mas o que é Kihon? Vou usar aqui um parágrafo de uma apostila de karatê que tem como autor Sensei José Erasmo de Oliveira Júnior, segundo uma página que encontrei porém de 2012, 3º Dan de Karatê Shotokan:

“As técnicas básicas devem ser treinadas constantemente e de forma sistemática, de modo que estejam perfeitas para sua aplicação em uma situação real”. “Quando praticamos o treinamento específico das técnicas básicas dizemos que praticamos Kihon (fundamentos), poderíamos dizer, em uma tradução livre, como sendo o “treinamento dos fundamentos”.”

Segundo o glossário do “Guia Prático do Karatê”, escrito pelo Sensei Kanazawa, tem-se por Kihon: básico, os fundamentos.

Sabendo que o Kihon, é parte dos 3 pilares de sustentação da prática do karatê, como podemos ligar essa prática aos demais pilares? De forma sucinta, podemos dizer que Kihon, sendo “os fundamentos”, são os primeiros passos para o desenvolvimento de técnicas isoladas, interligadas, paradas, e em movimento. Dito isso, essas técnicas combinadas e em plena concordância, chegamos ao KATA. E se pegar o parágrafo citado acima pelo Sensei Erasmo, temos: “As técnicas básicas devem ser treinadas constantemente e de forma sistemática, de modo que estejam perfeitas para sua aplicação em uma situação real”...O que define o próximo assunto dessa série conhecido como Kumitê. Este por sua vez, tem em algumas formas de prática, muito dos kihon.
Penso também que o kihon, tendo esse significado de fundamentos, tem na sua prática, muito da essência das diferentes escolas (estilos de karatê). E quando me refiro a essa essência das escolas, seriam características técnicas que diferenciam e dão forma aos diferentes estilos existentes. Esses fundamentos estão contidos detalhamento de execução de bases, socos, chutes, colocação dos quadris, entre outros aspectos.
Seguindo a deixa dos aspectos abordados pela prática do kihon, sensei Nakayama, em sua série de livros “O melhor do karatê”, cita os seguintes aspectos básicos de desenvolvimento da técnica:

  • ·         Forma, cita Nakayama, os pré-requisitos da forma correta são o bom equilíbrio, um alto grau de estabilidade e a ordem dos movimentos de cada parte do corpo, uma vez que os movimentos são executados em sucessão rápida num curto período de tempo.
  • ·         Força e velocidade, cita Nakayama , somente a força muscular não permitirá que a pessoa se sobressaia nas artes marciais ou em qualquer esporte correlato. O poder do kimê (finalização) de uma técnica básica de karatê resulta da concentração máxima de força no momento do impacto, e isso, por sua vez, depende em grande parte da velocidade do soco ou chute. Embora a velocidade seja importante, ela não consegue ser eficaz se não houver controle. A velocidade e a força são intensificadas pelo uso da união das forças e reação.
  • ·         Concentração e desconcentração da força, cita Nakayama, a potência máxima é a concentração da força de todas as partes do corpo no alvo, não apenas a força de braços e pernas. Igualmente importante é a eliminação das forças desnecessárias ao se executar uma técnica, o que resultará na aplicação de uma maior potência onde ela for necessária.
  • ·         Fortalecimento da resistência muscular, cita Nakayama, também é desejável o conhecimento de quais músculos são usados em quais técnicas. Como os músculos são usados especificamente, pode-se esperar uma maior eficácia deles. Contrariamente, quanto menos os músculos forem usados desnecessariamente, menor é a perda de energia.
  • ·         Ritmo e regulagem do tempo, cita Nakayama, o desempenho de um karateca mestre não é apenas eficiente, mas também extremamente rítmico e bonito. A aquisição de um senso de ritmo e regulagem do tempo é uma excelente forma de aperfeiçoar-se na arte.
  •         Quadris, cita Nakayama, além de ser uma fonte de potência, os quadris constituem a base de um espírito estável, de uma forma correta e da manutenção de um bom equilíbrio.
  • ·         Respiração, cita Nakayama, a respiração em coordenação com a execução de uma técnica, ou seja, inalar quando bloqueia, exalar quando é executada uma técnica decisiva, e inalar e exalar quando são executadas técnicas sucessivas.

Analisando essa citações de sensei Nakayama, do karatê Shotokan, temos uma visão dos inúmeros aspectos que devemos nos atentar as técnicas em sua forma mais básica, treinamento da respiração (hoje esquecido por muitos dojos), contração muscular e descontração ao se movimentar nas bases e na geração do kimê, rotação de quadris durante a aplicação de técnicas de ataque que auxiliam na velocidade, aumento da explosão, direção correta de aplicação, etc. 




Muitos iniciantes, ao assistir uma aula de karatê mais tradicional e voltada para a melhoria técnica, manutenção da saúde muscular, e fortalecimento se deparam muitas vezes com exercícios repetitivos, aparentemente mais cansativos do que voltados à saúde, e já ouvi dizerem “chato”. Mas após treinarem, ver as dificuldades ao executar corretamente um movimento, na direção correta, com respiração, rotação de quadril, e pra complicar em caminhada nas diferentes bases e diferentes posições, acabam se deparando com um mundo interno de falhas, e orgulhos, que caem com a prática e treinamento constante daquilo que é “simples”, e “igual”, e que ao se deparar com a mesma técnica produzida por um karateca mais experiente, se vê o quanto se pode evoluir fisicamente, mentalmente, e até espiritualmente. Mas esses conceitos de evolução através da pratica dos 3 pilares serão abordados de uma forma mais madura, logo mais, aqui no blog.

Aos iniciantes, ou simpatizantes, que leem sobre o karatê e ainda não praticaram, posso dizer que ler, ver, te dão uma ideia, mas a experiência de se treinar, se observar internamente, ser humilde consigo mesmo, e buscar a melhoria dentro da arte, é uma experiência que vista ao fundo, vai ser levada para toda a vida, em todos os aspectos possíveis, controlar o stress, o cansaço físico, ao controle do ego, a busca pela paz, ao cumprimento de objetivos consigo, e a igualdade humana ao se deparar com as fraquezas que todos temos.

Conforme palavras de Arakaki Sensei em seu livro “ A Jornada Espiritual”: “Um praticante de karate que não se esforça para melhorar os fundamentos e posturas, não usufruirá de golpes eficientes e, até mesmo, será incapaz de fazer corretamente um kata.

Finalizo deixando meu Osu, e espero, ter deixado aqui, não somente conhecimento, ou esclarecimento, mas sim, perguntas e perguntas.
Compartilhem o texto, curtam a página, sigam o blog para receber os feeds semanais, e comentem, questionem.






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Os 3 Pilares - KATA



Opa, pessoal. Hoje vou explicar brevemente 3 conceitos, sendo que um será mais bem explanado, e os outros dois serão aprofundados em posts separados por questões de complexidade e melhor organização das informações. Enfim...vamos falar mais sobre o KATA e sua prática. 


Os 3 pilares são as colunas que apoiam o aprendizado e ensino do karatê-dô, e são conhecidos pelos termos kata, kihon e kumite. De forma sucinta elenco aqui as definições citadas pela organização JKA (Japan Karatê Association – Brasil):

“A fundação do Karatê é o kihon (técnicas básicas), o kata (formas), e no kumite (luta)”. Sobre estes três repousam todas as técnicas, toda a velocidade, toda a força e todo progresso no karate. Eles são essencialmente “um”, e devem ser estudadas como “Um”: sem as técnicas básicas do kihon, nem pode haver kata nem kumite. Do mesmo modo, separados do kata, kumite é simplesmente movimentos sem pensar, imaturos com o conhecimento que vem da aplicação. Por último, kumite sem kata perde a característica da agilidade e pouco esforço, inerentes a suavidade do Karatê. “Kihon é kata é kumite".
 
Definição do KATA. Gotuzzo Tagnin em seu livro “O Verdadeiro caminho do Karatê” cita o kata como “seguimento de movimentos de karatê codificados, executados na mesma maneira e nas mesmas direções.” É um kihon encadeado em várias direções com vários graus de diferença na dificuldade dos movimentos.

Sensei Kanazawa em seu livro “Guia prático do Karatê”, define com as seguintes palavras: “Um kata é uma série predefinida de técnicas ofensivas e defensivas, que é realizada individualmente contra vários adversários imaginários.” 

Kata GojuKai, Genkaku, por Goshi Yamagushi.




Pode ser que vendo o vídeo acima, a impressão que fica para os iniciantes ou desconhecedores da arte, é que se parece com uma dança com golpes de luta.
Para esse tipo de pensamento ou conceito cito uma explicação retirada do regulamento de competição de karatê WKF (World Karate Federation ), o que de fato deve se entender pela execução do kata.

“Kata não é uma dança ou uma representação teatral. Ele guarda os valores e princípios tradicionais. Deve ser realista no que se refere ao combate e demonstrar concentração, força e potencial de impacto de suas técnicas.”

Um ponto interessante para você que inicia a prática do karatê e muitas vezes não compreende em sua totalidade determinadas passagens e aplicações de um kata, #Fica a Dica, conforme citação de Gotuzzo:

“Muitas vezes certas passagens dos Katas, parecem de pouco efeito se aplicadas num combate real, e que certos bloqueios são lentos. Sabemos que tudo isto pode encher de suspeitas o espírito daquele que inicia. Jamais um kata é entendido a fundo, a não ser por um mestre. O belo está em procurarmos os limites do incompreensível, a razão de nosso progresso, e somente mais tarde vemos que certas evoluções para nós estranhas tem um sentido pré-estabelecido.”

Se analisar a citação em sua forma pura, podemos entender em mais um ponto que karatê, é trabalho, repetição constante, buscar a inteligência marcial para entendimento dos movimentos e combinações técnicas, paciência e muita perseverança. São com o tempo e prática, que serão colhidos os frutos do incansável, doloroso e repetitivo treinamento em busca do conhecimento e técnica aprimorada. Além de tudo, isso é a combinação perfeita de conectar numa só pratica mente, corpo e espírito. A mente é treinada para entender e compreender as sequências e combinações, o corpo treinado para execução correta da técnica e das bases, e o espírito treinado para se manter vazio do que é externo e cheio de garra e coragem para executar um bom combate consigo mesmo.

Mas essa é a parte bonita da prática do kata, temos também alguns pontos que definem a parte técnica e que muitas vezes definem uma boa execução de um kata... Alguns pontos, vou citar partindo das regras WKF, por exemplo, fundamentos de acordo com o estilo praticado. Resumindo, esses fundamentos são os detalhes técnicos de postura, base e execução de movimentos de acordo com as características de cada estilo qualquer que seja Goju, Shotokan, Shito-Ryu, etc.
Mais alguns pontos... Base correta, execução de movimentos, chakugan (olhar fixo, concentrado no oponente), tempo de execução das sequências dos katas, Kime ( impacto na aplicação da técnica ), e segundo citação de sensei Kanazawa, se atentar aos 3 aspectos críticos citado por ele: a contração e o relaxamento muscular, a expansão e contração do corpo e a velocidade com que as técnicas são executadas. O embusem, ou linha de atuação, dita o padrão global de movimentos únicos para cada kata. E mesmo após a finalização do kata, é necessário manter um estado de preparação física e mental, chamado zanshin.

Embusen.


Bom essa foi uma breve, porém quase que completa, explicação sobre o que é o kata, como devemos enxergá-lo na sua prática e qual a expectativa de tempo para se entender um kata, ou seja, a vida inteira. O que importa é saber que mesmo repetindo e repetindo diversas vezes, praticando as mesmas técnicas diversas vezes, vamos manter o aprendizado e conhecer algo novo, ainda que fazendo o mesmo. E melhor, melhorar o que fazemos, executando muito do mesmo.


Portanto paciência e perseverança sempre! OSU!
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Zenkutsu dachi..."Postura / Base Avançada".



ZENKUTSU DACHI: Venho aqui colocar alguns pontos relacionados a essa base muito utilizada no karatê, porém não são todos os pontos necessários, (haja visto que alguns professores insistem que existe certas “diferenças” técnicas de escolas dentro de um mesmo estilo ou de diferentes estilos), para fundamentar a técnica em sua forma perfeita. Posso dizer que são apenas dicas, e questionamentos, que assim como surgiram para mim quando iniciante e estudante, podem surgir para outros praticantes. Enfim...De qualquer forma, o estudo aqui apresentado é baseado nas obras de Masatoshi Nakayama e Hirokazu Kanazawa, senseis Shotokan.
Tanto Nakayama quanto Kanazawa, citam a mesma forma de construção dessa base. Alguns professores, citam como diferença entre estes professores a posição do joelho frontal e amplitude empregada na execução.
Já ouvi de alguns senseis que Kanazawa presava por uma base mais baixa e ampla, enquanto Nakayama, presava por uma base mais alta, e menos ampla. Será?!

1.   Estudando as duas afirmativas, minha primeira dúvida seria...qual a altura correta? Existe uma altura correta para essa construção? 

Outro Sensei (Goju-Ryu) disse certa vez que “por mais que a base exija do condicionamento físico, o praticante deveria estar confortável nela”.  Essa seria outra visão do modo com o qual devemos estabelecer uma boa base. Nessa afirmativa, encontrei uma referência na obra do sensei Nakayama que diz o seguinte: -“A postura, como termo, refere-se sempre à parte inferior do corpo. Para que as técnicas sejam executadas com rapidez, com precisão, força e suavidade, a postura tem que ser firme e estável...” “As articulações não devem estar tensas demais; não se deve usar mais força do que a necessária na execução de uma técnica e é desejável que a postura seja descontraída.” 

2.       Mas e a altura? Onde fica? Ela pode prejudicar os joelhos e articulações?


Bom citando novamente os dizeres do Sensei Nakayama..Vamos tentar interpretar, e ou criar uma visão sobre o assunto. –“A altura do centro de gravidade é outro fator. Quanto mais baixo o centro de gravidade, mais estável será a postura.” - “Para absorver a reação que ocorre quando uma técnica é executada com força, a postura tem que ser baixa e a posição tal que os pés abarquem (alcancem/tome espaço) uma vasta área.”(relacionado a base ampla)
 
Uma Observação Importante! 

O que pode confundir o praticante é que esse centro de gravidade refere-se particularmente a cada tipo de base, não sendo necessariamente que todas as bases sejam baixas, porque algumas possuem um centro de gravidade alto. Como assim? Exemplificando... Se pegarmos como exemplo a base sanchin-dachi, e a base zenkutsu-dachi. 

A área de amplitude dos pés na base sanchin é menor, desse modo o centro de gravidade é mais alto. 

A área de amplitude dos pés no zenkutsu é maior, desse modo o centro de gravidade é mais baixo.




Um último ponto que acredito ser importante para definir uma altura boa e na minha opinião correta para o zenkutsu dachi. Tanto Kanazawa quanto Nakayama concordam que a distribuição do peso corporal, e centro gravitacional, são encontrados pela proporção de 6:4, ou 60% do peso na perna frontal e 40% do peso na perna traseira ( pivô – guardem esse termo ). 

Concluindo a altura...acredito estar diretamente relacionada a capacidade de cada indivíduo ampliar a área dos pés na base x a devida distribuição do peso corporal, observando detalhes mais técnicos quanto a construção da mesma e os fundamentos de cada escola ou estilo. 

Quanto forçar os joelhos e articulações, Nakayama também cita: “As articulações não devem estar tensas demais; não se deve usar mais força do que a necessária...”

Respondendo o questionamento inicial.

(Já ouvi de alguns senseis que Kanazawa presava por uma base mais baixa e ampla, enquanto Nakayama, presava por uma base mais alta, e menos ampla. Será?!) ... Não encontrei registrado nas obras lidas, nada a respeito...Acredito que essa seria a diferença que muitos citam da orientação do seu sensei, e da obra de cada um dos citados, ou mesmo das escolas e suas ramificações.
O que encontrei na obra de Nakayama, relacionado ao equilíbrio e amplitude, é que os pés devem estar totalmente apoiados no chão. Acredito que esse ponto é determinante para a altura, pois se fisicamente não estiver preparado, dificilmente conseguirá ampliar muito a base e manter os pés totalmente no chão. Desse modo, podemos afirmar também que a altura dependerá diretamente da amplitude que cada praticante tem condições de construir o zenkutsu. Essas condições podem ser relacionadas, a peso, condicionamento físico, limitações quanto a pressão ou impacto nas articulações, entre outras.

Observação: ...Mas se analisarmos ( claro que em meu ponto de vista ), as bases utilizadas por praticantes ligados a JKA (Japan Karatê Association – mais ligada aos ensinamentos de Nakayama), e praticantes ligados a ISKF (International Shotokan Karatê Federation – ligados aos ensinamentos de Kanazawa), pode ser ver uma diferença quanto a amplitude implicada na construção do zenkusu dachi. JKA menos ampla e ISKF mais ampla.



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