Karatê-DO. Porquê, DO?!
UM POUCO SOBRE O “DO”.
Segundo o próprio fundador da escola de Karatê Shotokan, Ginchin Funakoshi, em sua biografia menciona o karatê como uma arte complexa, ou esporte de Okinawa. O denomina como Karatê-dô, o “Caminho do Karatê”.
A. C. Gotuzzo, escritor do Livro “O verdadeiro caminho do karatê”, cita que em seu ponto de vista, ao ouvir as palavras de Funakoshi em um de seus poemas, conclui que esse mestre tinha o Karatê para si como algo maior que apenas um esporte, ou uma luta de socos e pontapés.
“Como sobre a face polida de um espelho, se reflete tudo que está diante dele e como um vale calmo transmite os sons mais doces, assim o estudante de karatê, deve ter seu espírito livre de egoísmo e das coisas materiais, num esforço por reagir a tudo que pode parecer adverso a ele.”
Esse prefixo DO, segundo a história do japão, está ligado a princípios do budismo que constituía muitas das filosofias contidas em diversos movimentos marciais antigos. O significado por trás do “caminho” está mais ligado à parte espiritual em que as artes milenares japonesas se baseiam, de modo que esse caminho seria algo para a “iluminação”. Isto significa, que ao moldar o seu corpo, mente e espírito, pode-se chegar ao ponto base dessas artes, ou o aperfeiçoamento do ser homem em sua humanidade, equilíbrio, serenidade, sabedoria.
Pode-se citar também o DO, como parte do princípio filosófico contido no BUDO. Este como citado anteriormente é parte de um antigo conceito marcial japonês, e seu objetivo principal, não é combater inimigos externo, e sim interno, como o nosso ego.
Gotuzzo, encaixa perfeitamente o conceito base do karatê, com o significado citado acima, com a seguinte citação:
“O karatê é sobretudo uma arte marcial que põe à prova o caráter, a personalidade, a alma e o organismo de quem o pratica, levando-o a desafiar e vencer a si mesmo.”
Portanto, praticar o karatê-dô, em meu ponto de vista, se trata de levar sua disciplina, suas técnicas, sua filosofia, sua história, como princípios para um caminho mais equilibrado, sereno, honesto, responsável, de modo que a vida seja um combate vencido antes mesmo de ser combatido.
No primeiro post do blog, citei diversas vezes o karatê como ARTE. Acredito que nesse texto, o prefixo DO, tenha marcado essa nobre arte marcial, com os princípios básicos a serem alcançados quando praticado como arte, caminho, filosofia.
Finalizando, deixo a frase de Genwa Nakasone, 1938, citada no livro “Os 20 princípios fundamentais do karatê”.
“Aqueles que ambicionam exercitar-se no caminho do Karatê não devem se preocupar apenas com os aspectos técnicos; precisam também procurar cultivar os aspectos espirituais do Caminho, uma vez que o verdadeiro karatê-do instrui tanto a mente quanto o corpo”.
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